Anfavea estima investimentos de R$100 bi por setor automotivo no Brasil

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Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO, 8 Fev (Reuters) - A indústria automotiva estimou nesta quinta-feira investimentos de cerca de 100 bilhões de reais no Brasil até 2029, gerado em parte por tecnologias de eletrificação e para cumprimento de regras mais rígidas de emissões de poluentes, depois da publicação de diretrizes que dão "segurança e previsibilidade" ao setor.

O volume de recursos projetado pela associação de montadoras Anfavea é recorde na história do setor, afirmou o presidente da entidade, Marcio de Lima Leite, em entrevista a jornalistas.

"O setor vive a expectativa do maior ciclo de investimento da história", disse o executivo em apresentação que contou com participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin.

"Com o anúncio do programa Mover, os investimentos começaram a se materializar", disse Leite se referindo ao programa automotivo lançado no final do ano passado via medida provisória, que, segundo Alckmin, terá regulamentação apresentada após o período do Carnaval.

O executivo, porém, afirmou que a estimativa é "inicial".

Anteriormente, o maior ciclo de investimentos registrado pelo setor automotivo brasileiro ocorreu durante o programa Inovar-Auto, iniciado em 2013, com 75 bilhões de reais investidos até o final daquela década, segundo dados da Anfavea. O programa acabou sendo contestado na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Assim como o Inovar-Auto, o programa Mover tem como um dos principais objetivos incentivar a produção local de veículos e autopeças, mas o foco está em novas tecnologias de motorização, como motores elétricos e híbridos.

A projeção dos investimentos inclui montadoras associadas da Anfavea, como Stellantis, Volkswagen, General Motors, Renault, Toyota e as recém chegadas da China GWM e BYD.

Na semana passada, a Volkswagen anunciou investimento de 9 bilhões de reais no Brasil entre 2026 e 2028, que se somará a aportes de 7 bilhões já previstos para entre 2022 e 2026 no país.

Segundo Alckmin, já foram anunciados mais de 41 bilhões de reais em investimentos no Brasil nos últimos meses pelo setor, incluindo de fabricantes de autopeças.

RECORDE DE IMPORTADOS

O anúncio da projeção de investimentos aconteceu depois de um mês de janeiro que viu a participação de veículos importados no total de vendido no país subir para o maior nível dos últimos 10 anos, segundo a Anfavea. A fatia de importações foi de 19,5% ante 14,3% em 2023.

Segundo a entidade, o movimento ocorreu em antecipação ao retorno em janeiro da tributação de veículos híbridos e elétricos importados. Do total de importados vendidos em janeiro, 14% têm motores elétricos e 19% híbridos.

O movimento de antecipação das importações no fim do ano passado, de olho no aumento da tributação dos eletrificados, ainda influenciou um crescimento na participação desse segmento no total vendido em janeiro, que saiu de 4,3% em 2023 para um recorde de 7,9%. "Isso já é percentual de mercados desenvolvidos", disse o presidente da Anfavea.

O crescimento da importação, aliado a um tombo de 43% na exportação de veículos, acabou fazendo o setor ter uma produção estável em janeiro sobre um ano antes, montando 153 mil unidades.

"O percentual de importação hoje já está acima do que trabalhamos como cenário saudável para o setor", disse o presidente da Anfavea.

As vendas de janeiro somaram 162 mil veículos, um crescimento de 13% ante o mesmo mês de 2023. Segundo a entidade, foi o melhor janeiro em licenciamentos desde 2021.

Questionado sobre um eventual conservadorismo da projeção da Anfavea para o 2024, divulgada em dezembro, quando a entidade previu crescimento de 7% nas vendas, Leite citou um desempenho no mês passado abaixo da média.

Segundo o presidente da Anfavea, historicamente os emplacamentos de janeiro representam 6,7% das vendas no ano e no mês passado o volume representou 6,4% da previsão da entidade para 2024.

A associação de concessionários, Fenabrave, espera alta de 12% nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus neste ano.

Sobre o movimento em fevereiro, Leite afirmou que o mês "começou bem", registrando na véspera vendas de 10 mil veículos.

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